No romance Senhora, José de Alencar compôs seu último e melhor perfil feminino: o de Aurélia Camargo, moça órfã e pobre, dotada de grande firmeza de caráter. Ela se apaixona por Fernando Seixas e é correspondida. Ele também é pobre, único sustento da mãe viúva e duas irmãs solteiras, mas gosta de se exibir nos círculos sociais cariocas como um rapaz elegante, bem de vida. Para isso, não economiza e, levado pela vaidade, acaba deixando a família em grandes dificuldades financeiras. Sem saber o que fazer, age da forma mais leviana possível: desmancha o noivado com Aurélia e dispõe-se a casar com uma moça rica, Adelaide, a quem não amava. Entretanto, com a morte do avô, Aurélia recebe inesperadamente uma grande herança e torna-se muito rica da noite para o dia. Movida pelo despeito, resolve tentar "comprar" seu ex-noivo. Está disposta, porém, a confessar-lhe que ainda o ama e o quer para marido, se ele mostrar a dignidade de recusar a proposta humilhante. Por meio de negociações secretas, Fernando recebe a proposta: casar-se com uma bela moça milionária sob a condição de só vir a conhecê-la alguns dias antes do casamento. Fernando aceita a proposta e, ao saber que se trata de Aurélia, fica surpreso e feliz, mas não se dá conta de que, aos olhos dela, degradara-se profundamente. Ela leva o plano adiante e eles se casam. Na noite de núpcias, ela o humilha chamando-o de "vendido". Ferido em seus brios, ele resolve recuperar sua dignidade para deixar de ser "escravo da senhora", pois foi comprado por ela. Trabalha com afinco e depois de onze meses, durante os quais os dois convivem como estranhos dentro da mesma casa, sem se tocarem, torturando-se com ironias e passando aos outros a aparência de um casal feliz, Fernando consegue juntar e devolver a Aurélia a quantia que ela havia pago por ele. Dessa forma, Fernando amadurece, recupera sua dignidade e revaloriza-se diante de Aurélia. Eliminado então o motivo vergonhoso que os separava, ela se sente livre para suplicar-lhe que aceite seu amor, já que nunca deixara de amá-lo. O final é a reconciliação dos dois e a vitória do amor. O desenvolvimento do enredo lembra uma transação comercial, o que, aliás, é indicado pelos próprios títulos das quatro partes em que se divide o romance: preço, quitação, posse e resgate.
DADOS DO PRODUTO
título: SENHORA
isbn: 9788516039677
idioma: Português
encadernação: Brochura
formato: páginas: 206
coleção: TRAVESSIAS
ano de edição: 2009
edição: 4ª
autor: Jose de Alencar
José Martiniano de Alencar nasceu em 1829, em Messejana, Ceará. Cursou Direito na Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo, com passagens pela Faculdade de Olinda, Pernambuco. Participou ativamente da vida política nacional e, paralelamente, dedicou-se com entusiasmo à literatura e ao jornalismo. Começou no jornalismo em 1854 e, dois anos depois, estreava na ficção com o romance Cinco minutos. Em 1857 lança em livro sua obra mais importante, O guarani, anteriormente publicado em folhetim. Iracema, um clássico da prosa indianista, foi publicado em 1865, e seus últimos romances, Senhora e O sertanejo, dez anos depois. Escreveu crônicas, crítica literária, peças de teatro, mas destacou-se, mesmo, como o autor mais importante do nosso Romantismo. José de Alencar foi chamado de “o patriarca da literatura brasileira” por ter sido o verdadeiro criador do romance brasileiro. Já considerado um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, morreu no Rio de Janeiro, em 1877, vitimado pela tuberculose aos 48 anos.